Imagem de Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4
Imagem de Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4

Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4

Nota do Voxel
70

Naruto tenta ir para a próxima geração, mas desperdiça um grande potencial

Pela primeira vez, o principal astro da revista Shonen Jump está vindo para a nova geração de consoles. A franquia Naruto tem uma longa e saudável história nos video games, vinda desde a era do PlayStation 2 e agradando os fãs desde então. Contudo, isso vinha mudando nos últimos títulos da série, que estavam repetindo uma mecânica batida e inserindo mais fillers que o próprio anime.

O último título, Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Revolution, recebeu apenas 65 aqui no TecMundo Games, por conta da falta de variedade e da repetição de conteúdo acima do aceitável. Contudo, desde os primeiros hands on do ano passado, Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 parecia muito promissor. Gráficos cel shading de altíssima qualidade, o último arco da história e jogabilidade com algumas novidades. Será que o hype se manteve? Confira a nossa análise completa.

Bom uso de efeitos especiais

Sem dúvidas, o alto poder de processamento da nova geração fez muito bem ao ninja de Konoha. É incrível ver os golpes mais famosos do anime serem executados com magníficos efeitos de partículas e de iluminação dignos de uma nova leva de consoles. Esse tratamento visual é, sem dúvidas, um grande atrativo para a série migrar para as novas máquinas.

Ultimate Ninja Storm 4 não tem medo de abusar de ângulos de câmera cinematográficos e efeitos especiais. Em outras palavras, é como assistir a alguns episódios épicos da animação, mas com uma qualidade ainda mais absurda. Quando se trata dos personagens mais novos, tudo é muito caprichado e bem-feito, mas entraremos nesse ponto mais para frente.

Alguns combates do modo história são realmente soberbos. A primeira batalha, que coloca Uchiha Madara contra Senju Hashirama, é um espetáculo à parte. Temos que desviar de golpes especiais com quick time events, revidar com comandos aleatórios que exigem reflexos, pegar um par de espadas que muda a jogabilidade e muito mais.

Entre uma troca de combos e outra, a Kyuubi se livra das amarras ao fundo, alterando parte da luta. Em pouco tempo, os dois oponentes estão em um campo aberto para disputar a supremacia com monstros gigantes, alternando o modo de jogo para algo semelhante a um conflito de kaijus. Há diversas animações especiais, closes e ângulos que imergem o jogador em uma espécie de anime interativo de altíssima qualidade.

Modo história e modo aventura ordinários

O modo história consegue contar de uma maneira bem bacana o fim da história do mangá, ressaltando as principais partes da narrativa desde a revelação de quem é o vilão Tobi, seguindo do ponto onde o seu predecessor parou. Apesar de acertar a mão quando o assunto é animação 3D, o game peca em não aproveitar partes dos episódios já gravados para acrescentar à experiência.

A campanha é extremamente fácil e está ali apenas para cumprir o papel de um modo principal. Não há nenhum tipo de desafio, modo livre ou missões a serem cumpridas. Você escolhe jogar entre a linha da história de Sasuke ou Naruto até o ponto onde elas se cruzam.

Os aspectos dispensados no modo principal são reservados para a outra modalidade, chamada de Modo Aventura. Aqui, você continua a jogar com diversos personagens após os eventos da história. Você tem sidequests para cumprir, mapas para explorar e umas coisinhas a mais. Em outras palavras, o oposto do modo principal.

Essa dosagem acaba criando duas experiências distintas, mas ambas com a sensação de feitas pela metade. Talvez, o melhor caminho fosse seguir a mesma estrutura dos antigos jogos de PlayStation 2, que misturavam essa estrutura de aventura e RPG em conjunto com os eventos principais da história.

A mesma jogabilidade de sempre

Quanto a jogabilidade e mecânicas de luta, pouca coisa mudou. Ainda há pouquíssimos combos, apenas um golpe especial e uma finalização para cada ninja, além de alguns poucos itens. O modo de transformação ainda está presente, mas ele é desbalanceado. Afinal, alguns personagens mal têm alterações, enquanto o Naruto consegue se transformar na Kyuubi. Nada justo, não?

Já sabemos que a franquia Ultimate Ninja Storm (e muitos outros títulos baseados em animes) não tem como foco o modo competitivo nem se preocupa em desenvolver combos complexos para atrair um público hardcore. Todavia, o quarto game principal da série parece depender demais do conteúdo já pronto, pois quase tudo é reaproveitado das obras anteriores.

O grande destaque são as finalizações em equipe, que ganharam novos ataques combinados de encher os olhos. Esse é o game da série com a maior quantidade de heróis também, mas parece que as coisas boas acabam por aí. Há algumas apresentações bonitas no que há de novo, mas todo o resto parece reaproveitado dos títulos anteriores, sem melhorias além da resolução.

Essa qualidade é muito contrastante com o começo da campanha, por exemplo. O sistema de partículas, a modificação do cenário, os objetivos específicos da luta, os quick time events, as batalhas de bijuus em campo aberto e mais muitos outros elementos não são nem um pouco aproveitados no combate livre, que é ordinário e extremamente parecido com o que já havíamos visto anteriormente. Resumidamente, existe um potencial muito grande desperdiçado aqui.

O modo online também não consegue agradar. Durante o tempo que tentei jogar com outras pessoas do mundo, os servidores se mostraram bem instáveis nas raras vezes em que eu consegui encontrar uma partida. Mesmo com uma boa conexão de internet, tive problemas de lag em alguns momentos. Quando o assunto é multiplayer, o forte do game continua o mesmo: jogar localmente com um amigo de player 2 em lutas rápidas e casuais.

Experiência audiovisual mista

O jogo é, de certa forma, bem bonito, principalmente no que diz respeito às adições recentes, como personagens, cenários e modo campanha. Entretanto, esse primor gráfico causou muitas vezes uma queda incômoda de frames por segundo, que deveriam ser travados em 30, mas não conseguem manter o padrão sempre.

Lembra-se do que acabamos de falar sobre o conteúdo novo ser mais caprichado do que o restante? Graficamente, o problema persiste. Há um contraste grande entre golpes, animações e até mesmo finalizações dos personagens mais recentes em relação aos que já vêm acompanhando a série há um tempo.

Se existe um ponto positivo de peso aqui é a dublagem do game, que conta com quatro idiomas, incluindo o português brasileiro. Se você é fã do anime, provavelmente prefere a versão japonesa, que já vem como padrão. Entretanto, você pode experimentar o jogo todo com as vozes nacionais, que contam com os principais dubladores oficiais. Apesar de manter uma qualidade relativamente boa, há problemas de traduções, pausas repentinas nas falas e algumas entonações estranhas.

Vale a pena?

No fim, Naruto Ultimate Ninja Storm 4 pode até trazer algumas novidades, um elenco maior, uma experiência totalmente dublada em português e alguns momentos de encher os olhos, mas a grande impressão que fica é que o potencial de chegar com tudo na nova geração foi desperdiçado. Se você jogou recentemente algum outro título da franquia, talvez seja melhor esperar uma promoção para este aqui.

Isso não quer dizer que o game seja ruim. Contudo, é inegável que, se você é um dos fãs que têm jogado todos os títulos até o momento, certamente não vai observar mudanças significativas que justifiquem a compra neste momento. Se você está longe da série há um tempo, talvez seja legal ver a conclusão da história dentro do jogo. Caso contrário, é melhorar deixar passar batido por enquanto.

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Pontos Positivos
  • Conclui o modo história de uma maneira bacana
  • Apresenta a maior quantidade de personagens que a série já viu
  • Gráficos aprimorados e grande uso de ângulos mais cinematográficos durante as batalhas
  • O game é totalmente dublado em 4 idiomas
  • Adição de mais ataques em equipe durante o modo versus
  • Multiplayer local continua divertido
Pontos Negativos
  • Mecânica de luta batida e sem novidades
  • Pequenos deslizes de tradução e entonação estranha na dublagem brasileira
  • Problemas no framerate do game, que de vez em quando sofre para ficar em 30 fps
  • Modo online instável
  • Modo aventura pode ser bem monótono
  • Muita reutilização de conteúdo dos jogos anteriores