Imagem de Prototype
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Prototype

Nota do Voxel
78

Prototype tem ideias ousadas e um protagonista bacana, mas não aguenta a própria pancada.

O mundo dos games parece estar migrando para a tendência do “mundo aberto”. Atualmente, para muitos, um jogo bom é um jogo que oferece liberdade, que permite aos gamers fazer o que quiserem. Grand Theft Auto foi quem consolidou este estilo, sendo visto como a base para diversos outros games.

Não há como negar que muitos títulos copiam, quase que descaradamente, a famosa fórmula do game da Rockstar, que já não é exclusiva há anos. Saints Row, por exemplo, é um clone quase idêntico, que ainda tem coragem de tentar bater de frente, de GTA. Mas, mesmo assim, ainda há espaço para inovações.

Chegou a hora de Mercer mostrar seus poderes Quando Crackdown chegou ao mercado, os jogadores puderam desfrutar de um game que se desprendia dos moldes tradicionais de GTA, mas sem deixar de lado a proposta de um mundo aberto. A grande diferença era que em vez de um cidadão “comum” você assumia o papel de um policial dotado com super poderes, o que aumentava significativamente a diversão e, de quebra, fazia de Crackdown um jogo diferenciado.

Felizmente, o “mundo aberto” evoluiu. Talvez InFamous seja a maior prova disto. O exclusivo do PlayStation 3, que chegou às lojas recentemente, trouxe uma proposta encharcada por ação e liberdade, conquistando milhares de jogadores. Mas e os usuários do Xbox 360, como ficam? Uma das opções parecia ser Prototype, da Activision.

Desde seu anúncio, as semelhanças com InFamous eram visíveis: super poderes, liberdade e destruição. A comparação entre os dois jogos era inevitável e muitos jogadores defendiam seu favorito com unhas e dentes. Finalmente, os dois jogos chegaram ao mercado. InFamous já revelou ser um excelente game, cobrindo todas as expectativas. Mas, e Prototype? Confira.


Zumbi? Não, Alex Mercer

Bem, se você estava procurando um substituto para InFamous no Xbox 360 é melhor pensar duas vezes. Infelizmente, Prototype não supera o game da Sucker Punch. Ao contrário da aventura de Cole, protagonista do exclusivo da Sony, o game deixa a desejar nos gráficos e simplesmente parece inacabado. Mas, mesmo assim, vale a pena tentar descobrir quem é Alex Mercer.

Felizmente, Prototype conta com uma história decente, que virou quadrinhos recentemente. Você encarna o já citado Alex Mercer, um cidadão comum de Nova Iorque que acorda no necrotério — sim, isso é possível. Depois de levantar — calma, o cara não é um zumbi —, Mercer descobre que foi infectado por um vírus que está arrasando o local. Mas, diferente da série Resident Evil, a infecção só favorece Alex, que passa a manifestar poderes sobre-humanos.

Entretanto, lá fora as coisas não estão nada bens. Os cidadãos de Manhattan se tornaram verdadeiros selvagens, o que obrigou a criação de uma quarentena militar. Assim como em InFamous, Alex não é um cara bonzinho, mas na verdade um anti-herói, então a população é indiferente para o personagem. Mercer é o ser mais poderoso da ilha sitiada, e o alvo número um da polícia. Seja bem-vindo ao seu playground.

Ele está bem

Além de poder literalmente brincar com qualquer um que apareça em sua frente, Mercer também conta com um simples objetivo: descobrir quem é o responsável pela sua morte. Para isso, o protagonista esmagará qualquer um que cruze o seu caminho, seja civil ou soldados do exército. Mas, ao contrário de InFamous, você não será julgado pelos seus atos.

O verdadeiro “consumidor”

Sim, se você quiser, pode pegar qualquer pessoa da rua e exterminá-la. Mas, se optar por isto, uma boa ideia é absorvê-la antes de acabar com sua raça. Para isso, tudo que precisa fazer é pressionar o botão “círculo” (B, no Xbox 360) e logo em seguida executar o comando com o “triângulo” (Y). Com isso, você literalmente absorve sua vítima, recebendo um bônus em sua energia e adquirindo algumas de suas memórias. Como se não bastasse, o jogador ainda pode assumir a forma de quem foi “sugado”, facilitando o disfarce.

Esta habilidade é apenas uma das dezenas que compõem o game. Para desbloqueá-las, você tem de adquirir os Evolve Points (EP), detonando inimigos e completando algumas missões. Felizmente, aqui o dinheiro é fácil, permitindo ao jogador adquirir diversos aprimoramentos sem muita dificuldade.

Alex exibindo seu cartão de visitas Para ilustrar, têm se exemplos como a habilidade de planar e os diversos golpes que são desbloqueáveis. Além disso, há também Suas habilidades são divididas em grupos distintos — combate, aéreo, arma e outros — e podem ser aprimoradas conforme você progride pelo game. Sem dúvidas, a sede pela aquisição de novos poderes é um dos fatores que move o game, pois é o grande diferencial em relação aos outros jogos “sandbox”.

Mas, o Prototype também apresenta diversos elementos genéricos, que denigrem a imagem do game. Infelizmente, as missões principais são o maior exemplo disto. Mesmo contando com um arsenal de poderes extraordinários, o jogo não exige as manobras exclusivas de Mercer para completar os objetivos. Além disso, as missões são completamente genéricas, obrigando o jogador a realizar eventos similares ao restante dos jogos do gênero.

Quem precisa de tanques? Mercer?

Há ainda algumas partes realmente frustrantes, como as que você controla os veículos. Ao assumir como piloto de um tanque de guerra, você cairá na mesma chatice dos demais jogos em que você controla um tanque. Até aí, tudo bem, pois faz parte da estrutura do veículo. Mas se você é capaz de se transformar em qualquer coisa, por que é necessário usar um tanque? Seria muito mais interessante se Mercer se tornasse um monstrengo gigante. Apesar disso, o jogo comporta 31 missões, durando cerca de 15 horas.

Mas, vamos ao que interessa: a pancadaria. Prototype pode ser considerado um dos jogos mais intensos dos últimos tempos, já que esbanja brutalidade em um clima completamente caótico. Você corre pela cidade arrebentando carros, subindo em prédios, socando soldados e muito mais, sem grandes problemas. Mas cuidado, em algumas ocasiões o exército pode chamar os “Strike Teams”, equipes altamente treinadas que ocasionam alguns problemas. Felizmente, é possível fugir ou aniquilá-las, depende da sua escolha.

O cara se transforma em tudo, mas ainda não descobriu a roda

Prototype conta com um indicador que demonstra se seu personagem está sendo visto pelos demais cidadãos ou não. Trata-se de uma barra no canto inferior da tela, que muda de cor conforme o perigo. Mesmo disfarçado, esta barra pode se tornar vermelha, o que significa que Mercer foi reconhecido. Aí a coisa complica.

Independentemente de estar enfrentando os “Strike Teams” ou quaisquer outros soldados, o jogador tem a chance de travar a mira com o botão “L2” (LT no Xbox 360), o que facilita momentos como este. Mas, algumas vezes o sistema se torna meio confuso, e você acaba mirando em quem não queria. A câmera também confunde o jogador às vezes, pois a ação é extrema e difícil de ser acompanhada.

Acrobacia com os dedos

Conforme mencionamos anteriormente, você tem a chance de absorver a vida de seus inimigos. Mas isto nem sempre é um método eficiente. Ocasionalmente, o game não dá chance para o jogador, e os inimigos simplesmente destroem Mercer. Como se não bastasse, há missões longas em que, caso o personagem morra, ela é retomada do início, tornando-a extremamente frustrante.

E você achava difícil aqueles Fatalities... Sem dúvidas, é necessária muita habilidade para lidar com Mercer. Os controles são relativamente simples no início do game, mas, conforme o jogador adquire novas habilidades, o sistema se torna realmente complexo. Um belo exemplo é quando o gamer adquire a habilidade “Cannonball”. Para desferir este golpe, você deve saltar e pressionar, simultaneamente, os botões “quadrado” (X no Xbox 360) e “círculo” (B). Tente fazer isso e saberá do que estamos falando.

Outro fator que pode irritar os jogadores são as missões secundárias. Assim como todos os jogos de mundo aberto, Prototype também possui seus desafios alternativos. Mas, estes não são nada atraentes. Em um deles, o jogador deve correr pela cidade e tocar esferas iluminadas, que simulam os famosos checkpoints. Em outra, o objetivo é aniquilar o maior número possível de inimigos. Ao todo são quatro tipos diferentes, que recompensam o jogador com um pouco de EP. Mas, você já deve ter percebido que aqui as coisas também não são nada originais.

A desenvolvedora também tratou de inserir outras esferas iluminadas pelo cenário, que podem ser colecionadas pelo jogador. Mas, fora isso, você ainda encontrará outros elementos espalhados pela Nova Iorque do game. Algumas pessoas da cidade estão intimamente ligadas com toda a catástrofe, e possuem informações críticas em suas memórias. Felizmente, você pode obtê-las absorvendo determinados cidadãos. Após isto, elas estarão convenientemente arquivadas no “Web of Intrigue”, um recurso que une e conecta tudo o que Mercer aprendeu até o momento. Essencial para quem quer se aprofundar no game.

Mas, novamente, a desenvolvedora poderia, sem sombra, de dúvidas ter inserido eventos mais inteligentes e atraentes. O game conta com um dos personagens mais versáteis do mundo do entretenimento eletrônico, mas nada disso é aproveitado, nem nas missões principais — o que é um absurdo — e nem nas secundárias. Ainda bem que estamos falando de um game de mundo aberto, o que permite ao jogador se divertir como bem entender — tiro ao alvo com lançamento de pessoas é uma boa dica.

Brotamentos e texturas ultrapassadas

Vale relembrar que, mesmo sendo uma recriação de Manhattan, a área do game não é exibida em escala real — e você deve agradecer por isto. O jogo conta com gráficos que vão de medíocres a completamente horríveis. Em alguns momentos, você se deparará com texturas de péssima qualidade, além, é claro, da mesmice onipresente do cenário.

Os “pop-ups”, termo usado para definir elementos que brotam subitamente no mapa, são frequentes, ainda mais quando o jogador observa tudo do topo, onde é possível perceber claramente como o “draw distance” (distância em que os objetos são criados) é fraco. O visual é realmente decepcionante, poderia ser muito melhor, mas parece que a equipe não caprichou como deveria no game. Ou seja, se você está procurando por bons gráficos, Prototype certamente não o local adequado.

O visual não atrai turistas

As animações, em contraparte, são ótimas, e salvam o game. Ver Mercer correndo pelos prédios e saltando de uma área para outra é realmente um show, e tudo fica ainda melhor conforme você desbloqueia novas habilidades. Outro fator interessante é que o game não apresentou qualquer queda de FPS significativa, pelo menos em nossa experiência.

Poderia ser perfeito

Faltou força dos desenvolvedores Em suma, a sensação que se tem ao jogar Prototype é que estamos desfrutando de um game inacabado. Faltam muitos detalhes, o que acaba prejudicando significativamente a diversão do jogo. Talvez tenha faltado criatividade da desenvolvedora, a Radical Entertainment, que também desenvolveu alguns jogos do verdão Hulk.

Prototype conta com grandes ideias, mas não parece conseguir dar conta de todas elas. Um jogo ousado, com dezenas de inimigos aparecendo simultanemante na tela, muita destruição e habilidades inéditas. Mas, no final, as coisas simplesmente não parecem se encaixar devido à falta de capricho dos desenvolvedores. Até mesmo as cut-scenes são esquisitas, por conterem diversos erros de continuidade. O som também deixa a desejar. Com exceção dos dubladores, o áudio parece deslocado.

Mesmo assim, é possível se divertir com o game. Basta iniciá-lo e começar a perambular pelo local, destruindo tudo o que pode e aproveitando as habilidades de Mercer. O único estímulo para realizar as péssimas missões do game é a recompensa, que acaba gerando ainda mais habilidades. Seria um dos jogos do ano, se não fosse a falta dos retoques finais da Radical Entertainment.
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