Imagem de Starlink: Battle for Atlas
Imagem de Starlink: Battle for Atlas

Starlink: Battle for Atlas

Nota do Voxel
84

Starlink: Battle for Atlas é um jogo caprichado que ganha charme com o Fox

Quando eu comecei a jogar Starlink: Battle For Atlas, eu achei que seria rápido. Achei que iria gastar cerca de 10, 15 horas pilotando navinhas e atirando em inimigos. Imaginei que seria um jogo bem linear e simples, que me daria mais uma vez o gostinho de estar na pele de Fox (a versão testada foi a do Switch). Será que foi só isso que encontrei? Ou será que me vi cheia de coisa para fazer em um jogo muito mais complexo que parece?

Mass Effect encontra Malhação

Starlink: Battle For Atlas é uma ópera espacial simplificada, praticamente uma versão pré-adolescente de Mass Effect. Você é um dos pilotos da iniciativa Starlink (ou o Fox) e precisa defender Atlas da Legião, os grandes vilões do jogo. Os personagens apresentados são muitos, perto dos 10, mas o jogo não é muito bem-sucedido criar qualquer tipo de laço e empatia entre o eles e o jogador.

StarlinkOs membros da iniciativa Starlink (muitos são pilotos jogáveis)

Não me entenda mal – a atuação é ótima e o visual também, mas a história e os conflitos são mostrados de um jeito simples demais para que você realmente sinta algo por aquelas pessoas. Tudo se resume a “nós precisamos de mais amigos para vencer a Legião” e o recrutamento de novos membros parece crianças no playground convidando outras para brincar. Apesar disso, o plot não chega a ser ridículo e te dá motivos suficientes para continuar lutando por Atlas.

O visual dos planetas é bonito e o design dos personagens e inimigos é bom, mas é tudo muito parecido. As ruínas das cidades, os rios, os inimigos, são todos idênticos independente de qual canto de Atlas você está.

Starilnk

O jogo tambem tem a opção de coop, mas são necessários dois conjuntos completos de controles (joycons ou pro controller) para jogar. Infelizmente, por não ter dois controles, não pude testar o modo. 

Quem vence? Você ou a Legião?

O jogo começa linear, com você indo de planeta em planeta tentando descobrir mais sobre a tal Legião. Chega um momento, no entanto, que o jogo se abre. Você tem a visão total de Atlas e os planetas ganham uma barra que mostra o domínio da Legião, e cabe ao jogador atacar as forças inimigas, construir postos avançados e aumentar a presença Starlink em cada um deles.

StarlinkCarta celeste de Atlas

Espere muito ícones nos mapas, muita coleta de recursos e muitas tarefas repetitivas. A boa notícia é que as atividades nunca levam muito tempo para serem feitas e são até que divertidas, então não é muito entediante. E isso vindo de uma pessoa que não gosta muito dessa estrutura de jogo (Mass Effect Andromeda mandou abraços).

Se você não se manter alerta à situação de cada planeta ou destruir as naves que o “abastece” de inimigos, a Legião pode voltar a dominá-lo, então o jogo acaba sendo um cabo de guerra entre você e eles. Isso pode ser um pouco frustrante, já que muitas vezes você passa muito tempo limpando um planeta só para ver uma nave encouraçado com nível acima do seu abastecendo-o com mais inimigos e jogando sua porcentagem para baixo.

Starlink

Apesar da estrutura de mundo aberto, o jogo também te dá objetivos claros – só que normalmente você precisa de uma certa preparação para chegar lá. Colocar uma torre naquele planeta? Claro! Só preciso subir cinco níveis primeiro.

We are Star Fox!

Para a versão de Switch a Ubisoft se juntou com a Nintendo para trazer Fox, Peppy, Falco, Slippy e a Arwing para o jogo. Claro que para mim, fã incondicional de Star Fox 64, a única opção era escolher o Fox como meu piloto. E para a minha surpresa, ele e toda a equipe ficam tão integrados na história que fica difícil imaginar o jogo sem eles.

StarlinkStar Fox reunida com a Iniciativa Starlink

Fox chega a Atlas enquanto persegue os passos de Wolf (sim, ele também), e dá de cara com a equipe Starlink em apuros. Depois de ajudá-los, recebe a oferta de se integrar à iniciativa. Muitas cutscenes do começo mostram os quatro andando pela Equinox (nave principal da iniciativa) e é de derreter o coração dos fãs.

A habilidade de piloto de Fox é chamar um dos membros do Star Fox para ajudar. Quando a nave de Peppy, Slippy ou Falco chega até você e começa a atirar até a música muda e uma lágrima de emoção cai dos olhos do jogador. Pode ter acontecido comigo. Ou não. Além de ser emocionante, eles também são muito úteis e dão dano para valer.

Starlink

Star Fox também tem suas missões próprias e exclusivas da versão de Switch, e muitas vezes elas se interligam com as missões principais do jogo, o que me deixou intrigada (novamente, não sei como o jogo pode funcionar sem ele). Nessas missões todos os personagens da Star Fox conversam entre si como nos velhos tempos, carregando a mesma personalidade que já conhecemos. Se eu não me importei com os personagens Starlink, me importei muito quando o Slippy comeu além da conta e tomou uma bronca do Peppy por isso.

StarlinkSlippy continua sendo o cara da tecnologia

Mesmo sendo missões exclusivas a uma única versão, elas são bem caprichadas. A linha do Fox tem um plot próprio com cutscenes e uma história um pouco mais madura que a do Starlink. E os designers foram legais o suficiente para deixar as missões do Fox mais ou menos no mesmo caminho das missões principais – assim você não precisa se deslocar muito para completá-las. Depois de ter finalizado essas missões, torço para que a Nintendo deixe a Ubisoft trabalhar em um novo jogo da franquia Star Fox.

Pretty smooth flying, Fox

Palmas para a Ubisoft por ter deixado a navegação tão fácil, suave e natural. Quando vi o primeiro gameplay na E3 fiquei receosa que o controle da nave fosse ser difícil e uma constante batalha entre voar, se manter no lugar e mirar no lugar certo. Acredito que o grande trunfo da mecânica de voo é ela se comportar de formas diferentes no espaço, no céu e no “chão” (onde você passa a maior parte do tempo).

Quando no espaço, sua nave se move constantemente para frente, bem devagar. Não é possível pará-la por completo, mas o ambiente é criado para que isso não seja um problema. Você pode usar o direcional esquerdo para frente e voar em velocidade normal, usar o hiperpropulsor para navegar em uma velocidade ultrarrápida e viagem rápida – mas só para um planeta que você já tenha visitado e que esteja na sua linha de visão.

StarlinkViajando com hiperpropulsor

Aliás, a transição entre espaço e planeta é um toque muito especial. É totalmente contínuo, sem pausas – do espaço você consegue ver a terra por baixo da atmosfera, e sabe que está entrando no planeta assim que sua nave começa a pegar fogo. A volta para o espaço é igualmente especial – a nave está acelerando (rumo ao infinito e além) e começa a pegar fogo antes de tomar aquele “tranco” e entrar no marasmo e imensidão do espaço.

Quando em terra, a nave se comporta de maneira diferente, quase como um personagem “normal” de um jogo em terceira pessoa. Ela fica completamente parada, e os controles são como os de um jogo comum – com direito até a botão de “pulo”. Se você preferir voar, pode ligar os motores e se movimentar de forma rápida (mas com menos controle) pelo planeta.

Starlink

O combate é muito natural, e não tive problemas de mira ou posicionamento em relação aos inimigos – isso tanto em terra quanto no espaço. Quando em terra, ele se comporta mais como um TPS, com inimigos na sua maioria terrestres (ou naves que voam baixo) e atirando em um único plano.

Starlink

No espaço a coisa muda, e seus inimigos são naves como você – geralmente foras-da-lei (algo como piratas espaciais). O combate acontece em todas as direções e as piruetas são constantes. Ainda assim ele funciona muito bem e é fácil de controlar a sua nave enquanto persegue e atira nos inimigos. Uma pena que a interrupção dos bandidos é muito frequente e pode irritar quem só está tentando ir do planeta A ao planeta B.

StarlinkNo espaço perseguindo um dos fora-da-lei

Comboate

Já que mencionamos o combate, hora de falar das armas. O jogo tem a característica de ter uma variedade grande de armas, cada uma com um elemento e um efeito específico aplicado no alvo. Existem armas cinéticas, de fogo, gelo, gravidade...E inimigos e objetos que são fracos ou fortes contra cada uma delas. Duas armas podem ser usadas por vez, uma em cada asa, e o interessante é que elas combam, então um ataque de arma de gelo e fogo vai dar um dano extra pelo choque térmico, por exemplo.

Starlink

Por essa característica a troca de armas é constante, o que dá vantagem para a versão digital (a única vendida no Brasil). Imagino que seria bem incômodo ter que ficar trocando fisicamente de arma cada vez que quisesse um efeito diferente ou ter que carregar todas elas com você. Em alguns poucos puzzles no jogo você precisa testar diversas combinações de elementos para ver qual surte efeito, o que é bem mais simples por um menu do que desencaixando e encaixando peças.

StarlinkTrocar de armas pelo menu é mais prático

As armas e as naves têm muitas opções de aprimoramentos – e quando eu digo muitos, são muitos mesmo, a ponto de ficarem um pouco banalizados. Eles são sua principal recompensa (fora os consumíveis usados para construir postos avançados e aprimorar a Equinox) e você recebe tantos aprimoramentos que eles quase deixam de ser especiais, principalmente porque nem todos escalam com seu nível.

StarlinkColeção de aprimoramentos – mais quantidade do que qualidade

Mesmo depois de muitas horas de jogo e muitos aprimoramentos “elite” no meu inventário, o jogo insistia em me dar aprimoramentos dos mais fracos e simples em alguns baús. Um dos upgrades da nave Equinox é poder criar um aprimoramento mais forte a partir de alguns mais fracos, o que ajuda a justificar a quantidade excessiva de aprimoramentos. Ainda assim, eles seriam melhores se aparecessem em menor quantidade, mas com mais qualidade.

No final das contas eu não tinha paciência de passar pela lista de aprimoramentos com frequência, e só atualizava minhas armas e nave quando sentia que estava ficando para trás.

As miniaturas não fazem falta

Starlink: Battle For Atlas tem o conceito de toys to life, e usa um suporte especial para os controles no qual você monta nave, piloto, asas e armas. Aqui no Brasil a versão física não está disponível oficialmente e a opção é a versão digital. Como já adiantei, isso não prejudica em nada o jogo – muito pelo contrário, deixa tudo mais prático e ágil (mas que seria legal ter a Arwing na estante, isso seria).

Starlink

A versão que recebemos da assessoria para testar foi a Digital Deluxe Edition, no Switch, que vem com seis naves, dez pilotos e 15 armas. A versão digital padrão vem com cinco naves, sete pilotos (incluindo Fox e a Arwing) e 12 armas. Honestamente? A versão Deluxe é um exagero. Eu não troquei de piloto nenhuma vez durante o meu jogo, e das 15 armas, devo ter usado no máximo cinco, uma de cada tipo.

Starlink

As naves têm status variados, mas nada que seja indispensável – uma delas pode ser mais rápida ou ter mais defesa que a outra, mas não é isso que vai definir seu jogo de verdade. O que vai é escolha inteligente de armas, aprimoramentos (se você tiver paciência de escolher os que prestam) e sua habilidade.

A única vantagem é ter uma nave a mais – você pode trocar de nave cada vez que uma delas é destruída, mas “morre” se ficar sem. Isso aconteceu comigo umas duas, três vezes, já que eu sempre conseguia vencer a batalha com as naves disponíveis e depois recuperava as que foram destruídas em um posto avançado.

Starlink

As naves, pilotos e armas também estão disponíveis para venda avulsa, tanto na versão física quanto digitalmente, mas acho pouco provável que você sinta necessidade de comprá-las.

Vale a pena?

Starlink: Battle for Atlas é um jogo que foi feito com muito capricho pela Ubisoft. Os controles e o sistema de combos das armas são as estrelas (junto com o Fox) e foram muito bem executados. A necessidade de ter um mínimo de estratégia e pensar nas armas que vai usar para dar o maior dano possível combinam muito bem com a navegação e combate bem desenhados. Mesmo que as tarefas sejam repetitivas, não é penoso ou chato completá-las.

Starlink

Minha jogatina foi 99% do tempo no modo portátil, e funcionou sem problemas de desempenho – apenas algumas quedas de frames na transição de espaço-planeta com o hiperpropulsor ligado. Já nas minhas poucas horas de jogatina no dock, o jogo crashou duas vezes em um período muito curto e foi resetado a força. É algo que com certeza vai ser corrigido pela Ubisoft, mas sempre vale o alerta.

É uma pena que a história seja simples – o jogo poderia ganhar um status de “Mass Effect, mas só com naves” se tivesse investido em um bom roteiro, com estrutura mais madura e reviravoltas interessantes. Acredito que ele tenha um bom apelo com o público mais jovem, mas não convence o público mais velho – nesse quesito, ficamos com a linha do Fox, que deu para a raposa-piloto uma amostra de onde ele pode chegar.

Starlink

Aqui eu abro um adendo para as versões de PS4 e Xbox One, que não tem nem o Fox, nem a Arwing nem as suas missões – o jogo perde uma boa parte do charme sem eles.

No final, Starlink: Battle for Atlas não é necessariamente um jogo obrigatório, mas é sim muito capaz, honesto e caprichado. Minha recomendação para os donos de Switch interessados na temática é esperar uma promoção. Para os donos de Playstation 4 e Xbox One, vale a mesma recomendação, mas com a ressalva de não ter o Fox – o que, reforçando, tira uma parte do charme, das missões e da personalidade do jogo.

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Pontos Positivos
  • Ótima jogabilidade – a navegação e o combate são intuitivos e fáceis de controlar
  • Diferentes tipos de armas e elementos dão uma camada estratégica para o jogo
  • Boa atuação e visual dos personagens
  • Presença forte do Star Fox que faz justiça ao personagem
  • Textos totalmente em português brasileiro
Pontos Negativos
  • História e personagens fracos
  • Sistema de aprimoramentos precisa de robustez
  • Tarefas um pouco repetitivas
  • Visual repetitivo – todos os planetas são iguais