Imagem de The Inpatient
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The Inpatient

Nota do Voxel
55

The Inpatient era promissor, mas poderia ser muito melhor – e mais longo

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Sabe aqueles jogos que não damos muita bola, mas quando chegam são uma surpresa agradável? Pois bem, este jogo foi Until Dawn. Achou que eu estava falando de The Inpatient, né? Infelizmente, a Supermassive Games aproveitou mal a chance com a franquia, e por mais que o novo game VR não seja ruim, ele não atende aos padrões de qualidade de um bom terror.

Para quem não sabe, The Inpatient é um prequel de Until Dawn, jogo lançado pela Sony em 2015. A ideia era promissora: mostrar mais dos acontecimentos que ocorreram nas montanhas Blackwood, criando uma história inteira em cima do plano de fundo do game original. Para completar, a desenvolvedora é a Supermassive Games, a mesma do primeiro título. Se foi por falta de tempo ou limitação da plataforma, não sei dizer, mas o game poderia ser muito mais. Confira nosso review completo:

Uma trama interessante, mas com problemas de ritmo

Um dos pontos fortes de The Inpatient é a narrativa, que é uma trama que se liga diretamente aos acontecimentos de Until Dawn. E quando o assunto é atmosfera, a Supermassive sabe muito bem o que faz. Durante a história, controlamos um paciente que sofre de amnésia e recebe tratamento experimental no sanatório de Blackwood. A ambientação é muito boa e prepara terreno para um enredo intrigante.

Desde o começo, fica claro que tudo que acontece tem um tom ambíguo e recheado de decisões para tomar, mantendo bastante a essência de Until Dawn. As suas escolhas importam e podem mudar significativamente o rumo da trama. Durante a jogatina, me questionei bastante: será que sou um paciente mesmo e preciso de tratamento? Será que a amnésia foi imposta e tudo é manipulado para eu ser uma cobaia de testes? O que é real? O que é delírio? Para completar, tudo é dublado em português e a atuação de vozes é bem boa.

O começo é promissor e coloca muitas dúvidas na cabeça do jogador, mas logo cai em um problema de ritmo. Para um terror psicológico, a demora para engrenar é demais. A primeira cena de terror chega com bastante atraso à experiência, que mais parece um walking simulator entediante do que um game de suspense. Faltam muitos elementos de horror e até mesmo os jumpscares, os recursos mais fáceis e ingratos possíveis em uma experiência do gênero, estão praticamente ausentes.

Quando as coisas realmente começam a acontecer, relacionando o mistério dos mineradores de Blackwood do primeiro jogo(para evitar spoilers, não vou me estender no assunto), o título revela seu plot twist – há alguns diferentes que variam com as suas escolhas – e acaba. Em outras palavras, as partes mais legais ocorrem perto do fim, e quando você menos esperar, a campanha é finalizada. The Inpatient tem de duas a três horas de duração apenas.

The Inpatient

A parte boa é que há múltiplos fins e as coisas podem mudar bastante, apesar de o trajeto sempre ser o mesmo. Em outras palavras, o fator replay é bem alto e pode compensar a curta duração, já que há muitas decisões que afetam a narrativa de maneira bem grande, mas passa longe de ser aquele jogo completo cobrado por R$ 150 na PSN.

Controles bem-feitos e boa utilização de recursos

Um dos grandes problemas de jogos VR é, geralmente, os controles. Como sempre, há dois modos de jogar The Inpatient: com o Dualshock 4 e com o par de PS Move. Os sensores de movimento da Sony mais uma vez são a melhor opção e garantem uma boa dose de interatividade no mundo do game.

O legal é que a equipe programou uma responsividade tátil no par de controles, garantindo que eles vibrem em intensidades diferentes toda vez que o jogador encostar em algo do cenário, gerando um grau de imersão maior. Além disso, a equipe criou um sistema de comandos de voz muito legal: basta ler as decisões que você pode tomar para selecioná-las. E, de fato, o reconhecimento de fala funciona surpreendentemente bem.

The Inpatient

The Inpatient é um jogo relativamente bem-feito. Há alguns problemas, como o fato do personagem não poder agachar (no caso, você se agachar não resulta no personagem agachando) e pouca utilização do espaço útil. Por conta disso, a experiência, que tem uma boa atmosfera, acaba não aproveitando ao máximo a realidade virtual.

Além disso, jogar no DualShock 4 tem seus problemas. Durante quase toda a primeira metade da narrativa, é bem tranquilo utilizar o giroscópio e o R2 para interagir com o cenário. Porém, quando as mãos se tornam mais distintas (uma segura a lanterna e a outra interage com o cenário), as coisas se complicam e há muitos bugs esquisitos.

The Inpatient

Apesar dos pesares, há um ponto positivo digno de destaque aqui: The Inpatient é bem competente em não causar o tão tenebroso enjoo de movimento. É possível sim sofrer com o problema ao virar a câmera, mas há como mudar as opções e deixar tudo mais suave, ajudando a reduzir qualquer desconforto.

Gráficos acima da média, mas com problemas

Uma coisa é certa: a realidade virtual tem seu preço. Como tudo deve rodar em 60 fps lisos – caso a performance caia, o jogador pode sentir náuseas e outros efeitos ruins –, não é fácil criar algo bonito e que rode bem. Como outros games exclusivos do PS VR, The Inpatient tem bastante capricho em diversos elementos, mas principalmente nas expressões faciais.

Como passamos muito tempo em diálogos e com pessoas falando perto de você o tempo todo, a equipe realmente se empenhou em criar algo crível. Infelizmente, o nível não é tão bom quanto o que vemos em Until Dawn, mas é bom suficiente para o nível de jogos em VR. Há bons efeitos de iluminação e, pelo menos no PS4 Pro, a imagem tem uma resolução bem agradável.

Galeria 1

Porém, isso não elimina os problemas. Há muito pop-in de texturas durante a experiência (alguns deles bem próximo à câmera) e é bem visível que a equipe disfarçou diversos problemas gráficos com a escuridão da atmosfera. Porém, ainda assim é um jogo bonito e com uma boa ambientação.

Vale a pena?

The Inpatient não é um jogo ruim, e sim um jogo mal aproveitado. Sim, ele é curto da mesma forma que diversos outros jogos de realidade virtual, mas o problema é outro: a experiência poderia ser mais aterrorizante e voltada ao terror – e menos walking simulator. A equipe criou uma ambientação boa, criou boas expressões faciais e fez tudo para montar um bom cenário de suspense, mas a experiência final pouco usufrui de todas essas qualidades.

No final, o fator replay acabou compensando parte dessa campanha curta, mas não é a mesma coisa que um game completo maior e recheado de elementos de terror de peso. No fim, The Inpatient não é um jogo ruim, mas passa longe da experiência promissora que esperávamos.

*The Inpatient foi gentilmente cedido pela Sony para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • A história é interessante e levanta muitos questionamentos da parte do telespectador
  • Os gráficos estão acima da média de games VR
  • Os controles de movimento e os recursos do PS VR são bem utilizados
  • Há um fator replay bem alto
Pontos Negativos
  • A história tem sérios problemas de ritmo, principalmente no começo
  • A experiência é extremamente curta, durando de 2 a 3 horas apenas
  • Jogar no DualShock 4 pode ser um problema
  • Há alguns empecilhos gráficos, como pop-in e ambientes muito escuros (que disfarçam problemas)
  • No geral, o game é mais um walking simulator entediante do que uma experiência aterrorizante