Imagem de Trials Fusion
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Trials Fusion

Nota do Voxel
80

Eis um aperitivo de "Dark Souls sobre duas rodas"

O quesito “dificuldade” é um assunto latente no atual modelo da indústria de games. Demons’ Souls e Dark Souls reacenderam essa discussão. Se você desafiou as leis da gravidade no viciante Trials Evolution, game que deu continuidade à consagrada franquia Trials em 2012, bote novamente as luvas, o capacete e parta para a zoeira insana: Trials Fusion traz o mesmo tom cômico da série – e com um tempero ainda mais hilário – em um belíssimo visual regado a puro masoquismo.

Além da fórmula clássica e comprovada que a franquia Trials tem quando o assunto é competição simples (porém viciante) numa estrutura arcade, diversas novas características certamente vão agradar aos masoquistas de plantão, pois o que temos aqui é um verdadeiro “Dark Souls sobre duas rodas", e da mesma forma que Flappy Bird trouxe a onda “Dark Souls mobile”.

A física, fator crucial para o manuseio das motos e principal característica da série, está aprimorada e exige rápidos reflexos por parte do jogador. Aos que não conhecem, um breve refresco: o game é uma espécie de arcade com desafios sequenciais em uma perspectiva 2.5D na qual o jogador precisa guiar uma moto por pistas cheias de armadilhas e obstáculos, bem na linha de Joe Danger, com registro de tempo e objetivos secundários a serem cumpridos no percurso. Ainda que as fases deem margem para a repetição, os obstáculos são bastante diversificados.

As leis da gravidade jamais devem ser subestimadas

Conforme mencionado, o domínio da física é um dos principais aspectos de Trials Fusion – ou talvez o mais importante. Aqui, ela foi aprimorada e está ainda mais “sensível”, exigindo toques precisos no controle e não dando espaço para hesitação por parte do jogador, principalmente ao manipular a roda traseira, que parece um “sabonete”.

Se isso é bom ou ruim, cabe a cada um definir. Eu não julgo quem não goste dessa física “mole” e exageradamente realista. Por um lado há verossimilhança com aquilo que ocorre na vida real, mas por outro há o exagero – e isso faz parte da diversão. A dificuldade em ser um mestre nas leis da gravidade é proposital. As equipes da RedLynx em parceria com as da Ubisoft certamente quiseram entregar uma experiência visceral ao impor um sistema de movimentos disformes e que alteram conforme cada “relada” que você der no analógico esquerdo. E você será um frio calculista aqui.

Obstáculos com variação moderada, mas muito bem distribuídos

Seguindo a cartilha de Trials Evolution (seu antecessor exclusivo para Xbox 360), Fusion, que só não foi lançado para o PS3, possui obstáculos pra lá de criativos. As rampas estão estrategicamente distribuídas para que a moto, ao ser lançada às alturas de arranha-céus, possa ser rotacionada e dar várias piruetas. É aí que mora o perigo: é fácil se empolgar, querer fazer 80 manobras de uma só vez e se desgovernar. A perda de controle é uma consequência natural e fará com que você se esfacele no chão, retornando ao último checkpoint e perdendo pontuação.

Os checkpoints, aliás, estão distribuídos com bastante parcimônia. A frustração é amenizada, mas nunca eliminada: lembre-se que, ao utilizar um checkpoint, você perde pontuação para ganhar medalhas de prata ou ouro. Isso é interessante para que os novatos de plantão possam encarar o desafio logo após uma sequência de falhas. E isso certamente acontecerá, porque o seu canto de olho vai querer deslumbrar os belíssimos visuais que ocorrem no plano de fundo, em renderizações que rolam em tempo real.

Rampas, carros, canteiros, canos, montanhas e outras plataformas duvidosas farão de tudo para impedir que você avance com perfeição. Apesar de haver uma modesta variação desses obstáculos, eles estão muito bem combinados nas pistas e raramente dão espaço para um desempenho impecável. A menos, é claro, que você seja um adepto de Dark Souls (isto é, não se cansa de morrer e tentar novamente).

Bonito e justo – mas com algumas quedinhas na taxa de quadros por segundo

Não se enganem: os cenários de Trials Fusion, apesar de bonitos, não têm lá aquele preenchimento – mesmo as versões da nova geração. O jogo, naturalmente, usa e abusa das arquiteturas de PS4 e Xbox One, com belos efeitos de luz, explosões a mil e detalhes minuciosos nas motocas, mas a queda na taxa de quadros por segundo é latente em alguns momentos (principalmente quando há muitos elementos na tela simultaneamente).

Ainda assim, o visual não deve ser um problema porque a pegada de Trials Fusion jaz exatamente no desafio arcade e na diversão descompromissada. Ao seguir a fórmula do gênero à risca, a RedLynx e a Ubisoft acertam em cheio.

Algumas ações de fundo, como explosões, andaimes se movimentando, plataformas caindo, tubos girando e outras, chegam à “superfície” da tela, isto é, à pista do jogador, e se incorporam às armadilhas já existentes. Conforme mencionado, não há espaço para hesitação aqui – e essa é a graça, que só aumenta com os recursos sociais presentes no game.

Toque de criatividade: criação e compartilhamento de pistas, placares de líderes e mais recursos sociais

Para ter longevidade (o game sai por meros US$ 20, ou R$ 40 por aqui), fator imprescindível em qualquer título simples que queira sobreviver neste mercado predador, Trials Fusion mantém e aprimora as características vitais de seus antecessores, e o editor de percursos é uma delas. Nesse modo, o jogador encarna o espírito de escultor, com acesso a uma série de ferramentas e itens que podem ser utilizados para criar pistas, elaborar obstáculos e depois compartilhar tudo.

Além disso, o editor permite que todo o conteúdo seja incrementado posteriormente. Mas a parte mais legal é jogar na rede para a galera notar sua criatividade – e você conhecer o talento de outros. É aí que está um dos charmes do game: o compartilhamento de suas criações com outros jogadores.

O multiplayer nas pistas tradicionais é bastante competente dentro da proposta colocada: insanidade sobre duas rodas. Existe a opção de ativar ou desativar os “fantasmas” de seus adversários para que você possa monitorá-los nas pistas e bater mais recordes para, assim, conquistar medalhas.

Vale a pena?

Conforme mencionado, Trials Fusion não é um game que se atém ao visual. A maior preocupação da RedLynx em parceria com a Ubisoft foi trazer uma experiência que respeita absolutamente a fórmula da franquia, e talvez justamente por isso a produtora tenha deixado de ousar um pouco mais.

Mas isso nunca é ruim: o game se justifica pelo alto grau de dificuldade, pelo remodelado editor de pistas, pelo forte caráter multiplayer e por usar e abusar de recursos sociais.

Ainda que existam eventuais quedas na taxa de fps, a diversão, quesito precursor para a experiência com um jogo arcade (ou com um game de qualquer outra natureza), não é ofuscada. Testamos a versão de PC em configuração máxima, que se equipara ao game da next-gen (PS4 e Xbox One), e a de Xbox 360. O jogo só não saiu para o PS3 por uma questão de “exclusividade na geração anterior”, pois Trials Evolution, seu antecessor, foi exclusivo para o Xbox 360.

Trials Fusion é aquele típico game para você jogar ao chegar em casa cansado do trabalho. Sente, ligue e absorva de forma descompromissada, ainda mais porque o título está à venda digitalmente no PlayStation 4, Xbox One, Xbox 360 e PC pelo honesto valor de US$ 20, ou R$ 40 nos serviços brasileiros.

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Pontos Positivos
  • Um arcade honesto com diversão descompromissada
  • Insanamente difícil nas fases mais avançadas
  • Física impressionante e bastante sensível
  • Recursos sociais que dão longevidade ao título
Pontos Negativos
  • Eventuais quedas na taxa de quadros por segundo
  • Proposta absolutamente arcade, sem qualquer história ou mais densidade
  • Obstáculos diversificados, mas fases que podem dar margem para a repetição