Imagem de Uncharted: The Lost Legacy
Imagem de Uncharted: The Lost Legacy

Uncharted: The Lost Legacy

Nota do Voxel
96

Uncharted: The Lost Legacy prova que a série pode ir longe sem Nathan Drake

Anunciado na PlayStation Experience de 2016, Uncharted: The Lost Legacy é o sexto jogo de uma das principais franquias da família PlayStation. Uma série que divide o pódio com God of War, The Last of Us, Ratchet & Clank e inFamous no hall dos exclusivos, só para citar alguns. A nova aventura está longe de ser uma mera expansão de Uncharted 4: A Thief's End; a Naughty Dog criou uma experiência própria e completa para que a personagem Chloe Frazer, introduzida em Uncharted 2: Among Thieves e tão querida pelos fãs, tenha um jogo para chamar de seu.

Confesso que fiquei reticente de imediato, em um misto de empolgação com indiferença. A Sony e a Naughty Dog já disseram que a decisão de escolher Chloe para estrelar um game só dela foi tomada a partir dos pedidos de milhares de fãs. O apelo deles, os personagens secundários de Uncharted e todo o espírito de caça ao tesouro resultaram em um produto que parece ter ficado anos em desenvolvimento.

Mas não: bastou apenas um ano para que o estúdio, que alcança status de referência máxima no mercado, criasse uma das melhores aventuras do PS4. Precisei fazer jus a todas as platinas que coleciono da franquia e constatar com meus próprios olhos.

Colírio aos olhos

Todos os jogos da série Uncharted têm a mesma marca registrada: o visual, que é quase uma terapia aos nossos olhos. A Naughty Dog tem a premissa de explorar os hardwares da família PlayStation sem medir potências por baixo. Com Lost Legacy não é diferente. Cada detalhe foi minuciosamente observado: a movimentação de Chloe, o preenchimento dos cenários, as animações de NPCs, as partículas, as texturas, a iluminação, as sombras, as expressões faciais, o balançar da água, os cabelos esvoaçantes, os objetos interferidos pelo vento.

O carisma é outro destaque da franquia. Desde The Last of Us, a Naughty Dog amadureceu a narrativa de suas criações e a maneira como conta histórias aos jogadores, fazendo com que consigam se conectar com os dramas de cada personagem e se envolvam emocionalmente com eles. A dublagem em português brasileiro, aliás, está ótima.

Você vai rir, sentir raiva, ficar emocionado e reagir às ações de Chloe e Nadine como se estivesse emuma torcida. No final das contas, vai amá-las

Você vai rir com as piadas infames de Chloe, que tem um jeitão meio Nathan Drake de tirar sarro o tempo todo de tudo, em qualquer situação; vai vibrar quando Nadine consegue ser mais durona que sua parceira em momentos que pedem essa cabeça mais quente; vai sentir raiva de Asav, um vilão que, apesar de psicopata, consegue mostrar seu lado humano, embora seja mais esquecível que os malfeitores dos jogos prévios. É essa exímia capacidade de construir personalidades que permite estabelecer um elo entre o jogador e os personagens poligonais.

Chloe Frazer e Nadine Ross, a mercenária de Uncharted 4, vão até as montanhas da Índia em busca da Presa de Ganesh e dos segredos que cercam o passado desse artefato. Portanto, prepare-se para um mergulho paradisíaco por uma das paisagens naturais mais belas do planeta Terra. A Índia e todo o misticismo que existe por lá estão representados da maneira mais legítima possível, e você vai ter o melhor sabor disso no trecho em que pode explorar livremente um enorme mapa com o seu jipe.

Galeria 1

Beliscando o mundo (mundinho, vai) aberto

Tal como em Uncharted 4 há um techo com minimundo aberto do começo do jogo é lotado de colecionáveis. Lá você vai encontrar fortalezas inimigas, torres que podem ser escaladas, cavernas escondidas debaixo d’água e outras coisas capazes de distrair sua atenção sem jamais deixar o fantasma do tédio se aproximar. Você pode encontrar tesouros escondidos (brilhantes nos cantos mais improváveis dos cenários), tirar fotos dos monumentos e das paisagens, ativar diálogos opcionais com Nadine e escolher suas abordagens na hora de descer o sarrafo.

Aliás, há uma grande quantidade de pontos escondidos para capturar as fotografias. O modo foto está de volta e permite que você perca um tempão mexendo em vários detalhes da imagem com filtros, zoom, escurecimento, clareamento e muitos outros recursos de edição.

O combate segue o esquema de Uncharted 4: você pode marcar os inimigos com o pressionar do analógico esquerdo, mapear o ambiente e decidir se prefere avançar em modo stealth ou se vai optar pelo tiroteio, que é sempre bem-vindo dentro da fórmula da franquia. A seleção de armas está generosa para o tamanho do jogo, principalmente se você gosta de rifles de assalto.

Dá para usar a corda de Chloe, ferramenta oriunda de Uncharted 4, para intercalar seus ataques à la Indiana Jones, e esses momentos são emocionantes. Certas superfícies podem ser despedaçadas com os tiros, ou seja, nem todas as suas proteções são eternas. Não há sensação de conforto por trás de uma cobertura, e isso faz com que você se movimente durante as batalhas. Também não é algo exatamente inédito, mas o level design desses trechos favorece a sua criatividade durante a troca de tiros.

Existem pequenas novidades, mas bem acolhidas: Chloe pode usar a técnica do lockpick para abrir portas e caixas em um minigame gostoso de resolver e há uma faca de escalada, o pino, que funciona de maneira quase idêntica à picareta que Lara Croft usa em Tomb Raider e Rise of the Tomb Raider

The Lost Legacy é um Uncharted tão digno quanto qualquer outro, e não espere muito além disso, mas existem pequenas novidades: Chloe pode usar a famosa técnica do "lockpick", que é aquela habilidade de ladra para abrir portas e caixas em um minigame bem rápido e gostoso de resolver, saudável para quebrar um pouco a rotina. Também há uma faca de escalada, o pino, que funciona de maneira quase idêntica à picareta que Lara Croft usa em Tomb Raider e Rise of the Tomb Raider. Apareceu timidamente em Uncharted 4, e tardiamente na aventura de Nathan, mas aqui brilha muito mais. Você só pode usar essa ferramenta em paredes porosas, isto é, apenas nos momentos acrobáticos, que continuam épicos e fazem você deslumbrar monumentos gigantescos enquanto sobe até o topo deles.

Galeria 2

A delícia dos colecionáveis e dos puzzles

Outro recurso inédito muito bem-vindo é o Rubi da Rainha, uma pulseira que só pode ser obtida se você coletar todos os artefatos hoysalas lá na região do mundinho aberto. Esse acessório brilha, emite som e faz o controle vibrar toda vez que você estiver perto de um tesouro. Além disso, a luz led do DualShock 4 muda de cor conforme Chloe se aproxima do item escondido. É muito legal ver que a Naughty Dog soube aproveitar bem as funções do PS4 como um todo.

Os puzzles continuam engenhosos e estão uma delícia de resolver. Não muito complexos, tampouco fáceis: na medida certa. Montar e desmontar blocos, girar alavancas para encaixar os formatos certos e juntar símbolos desenhados de maneira artesanal são atividades que moderam o ritmo frenético da aventura, intercalada de forma inteligente entre os momentos de puzzle, pulos e tiroteio.

Na minha humilde opinião, o compasso está melhor que o de Uncharted 4 nesse sentido. A aventura de Nathan Drake, convenhamos, tem andanças que fadigam bastante. Chloe e Nadine jogam a batata quente para lá e para cá até cair na mão do jogador – e é uma delícia quando isso acontece.

Veredito

Como já foi mencionado e dissertado aqui na análise, The Lost Legacy está longe de ser uma mera expansão de Uncharted 4. Trata-se de uma aventura completamente nova, que explora a personalidade de uma heroína muito querida pelos jogadores. É quase um Uncharted 5 mesmo.

Até questionamos se a franquia terá um sistema de upgrade de armas ou algo robusto assim. Mas a verdade é que Uncharted preza pela simplicidade, pela diversão a qualquer perfil de jogador, do casual ao hardcore

Quando essa presença é colocada ao lado de Nadine Ross, outra personagem que tem forte temperamento, a atmosfera e a narrativa fazem você querer acompanhar essa jornada do começo ao fim sem enjoar, no melhor estilo filme-pipoca mesmo, que é uma característica da franquia. É um devaneio que você não quer que termine, como bem colocou o redator Nilton Kleina em sua análise de Uncharted 4.

Os momentos cinematográficos estão ali, lotados de cenas emocionantes e muito bem coreografadas, algo que é outra competência da Naughty Dog. O visual é um primor técnico que faz pleno uso da potência do PS4 Pro, com upscale de resolução e suporte a HDR muito bem utilizados a quem possui o televisor necessário.

Muitos refletem – inclusive este que vos escreve – se não passou da hora de inserir um sistema de upgrade de armas à franquia, com árvore de habilidades ou algo assim. Elementos que pudessem robustecer a experiência, tonificá-la a uma densidade um pouco mais complexa. Mas a verdade é que Uncharted preza pela simplicidade mesmo, pela diversão acessível a qualquer perfil de jogador, do casual ao hardcore.

Ter botado Nathan Drake de escanteio talvez tenha sido a melhor escolha que a Naughty Dog fez para a continuidade da franquia sem que exista um prazo de validade. Chloe e Nadine seguram a bronca com tranquilidade, com o carisma necessário. Elas conseguem se conectar ao jogador e não nos deixam sentir saudades do calejado Nathan Drake.

A melhor parte disso tudo é que um lindo horizonte pode ser desenhado para a série. Outros personagens, como o velho Sully, ou Sam Drake, o irmão mais velho de Nathan, podem, por que não, ter aventuras próprias em futuros jogos da franquia – que ganhou, definitivamente, um lugar no pódio dos campeões. Em disparada sem freio, a Naughty Dog vai, aos poucos, lapidando seu nome na indústria de video games.

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Pontos Positivos
  • O jogo mais bonito do PS4 até aqui
  • Narrativa embalada, bem roteirizada, com diálogos inteligentes e maduros
  • Chloe e Nadine seguram a bronca tranquilamente sem Nathan Drake
  • Aventura consistente e bem intercalada entre momentos de puzzle, saltos e tiroteios
  • Ótima dublagem em português brasileiro
  • A proposta se resguarda na simplicidade típica da franquia, acessível a qualquer perfil de jogador
  • Fotografias, artefatos, diálogos opcionais e tesouros escondidos: há um monte de colecionáveis para quem quiser platinar
Pontos Negativos
  • O vilão não é tão marcante quanto os anteriores